A cultura e a filosofia orientais intrigam e seduzem o ocidente há séculos e, especialmente nas últimas décadas, vem se integrando ao nosso imaginário popular como nunca antes. E a tattoo não fica de fora disso.
Quando se fala em tatuagem oriental, é quase impossível não se pensar nos motivos das tattoos japonesas. As razões para isso podem ser as mais variadas: a beleza dos traços e das cores, a riqueza de detalhes em cenas elaboradas e que podem cobrir grandes extensões do corpo, ou o poder representado pela Yakuza.
Assim como toda cultura que é ‘traduzida’ para o ocidente, a arte japonesa da tatuagem foi simplificada, diluída, pasteurizada. Com isso, muito sobre sua verdadeira importância e significados foi deixado de lado.
A história da tatuagem no Japão parece ter raízes paleolíticas, mas a arte que hoje conhecemos por irezumi data do período Edo (1600 – 1868). Reza a lenda que a tatuagem ganhou popularidade graças à um romance chinês onde os heróis tinham em seus corpos desenhos com motivos mitológicos e religiosos, como dragões, flores e tigres. Os marceneiros que criavam estas ilustrações nos blocos para impressão acabaram se tornando os primeiros tatuadores. Suas ferramentas eram adaptações daquelas sobre as quais tinham domínio, como o cinzel e a goiva – e assim surgiu a técnica tebori (confira no vídeo).
No entanto, durante a era Meiji o governo japonês criminalizou a tatuagem e, mesmo nos dias atuais, pessoas tatuadas são proibidas de frequentar diversos locais públicos no Japão. É possível concluir que a irezumi sobreviveu graças àqueles que foram contra a lei. Neste quesito, especialmente aos olhos ocidentais, a irezumi talvez deva sua longevidade à Yakuza, a máfia japonesa.
Para a Yakuza, a tatuagem tem significado especial e não é meramente um exercício de vaidade: são identificação com a gangue, signos de lealdade e coragem, e não devem ser mostradas em público. Por isso, suas tattoos não cobrem o pescoço, o peito e as panturrilhas.
Atualmente, estima-se que existam cerca de apenas uma centena de mestres japoneses que ainda se dediquem à irezumi e à sobrevivência de toda uma tradição artística. Longe dos holofotes, resistindo a leis e tabus, eles preservam um legado histórico que muitos no Japão prefeririam esquecer.
Simbologia e Significados
Há uma rica e extensa rede de significados para cada um dos símbolos que listamos abaixo. O que você vai ler aqui é uma simplificação bem rasa. Portanto, se você quer entender melhor o que representam estas figuras, te encorajamos a pesquisar sobre cada uma delas.
Dragão (Ryu): Força, sabedoria, benevolência, generosidade, ventos, água
Carpa (Koi): Coragem, determinação, controle, água
Tigre (Tora): Força, coragem, vida longa, ventos
Cão leão (Fu dog): proteção, força, coragem, heroísmo
Fênix (Hou-ou): renascimento, imortalidade, triunfo, fogo
Cobra (Hebi): sabedoria, proteção, boa sorte, mudança, terra
Oni (demônio): violência, poder, desordeiro
Caveira (Zugaikotsu): mudança, celebração da vida, respeito ao passado
Flor de cerejeira (Sakura): vida, mortalidade, amor, beleza